Nossa primeira
reação foi ter nojo. Achamos engraçado mas nojento. Era quase uma família de
ratos, como podem ver nas fotos. Bom, sou bem corajoso e confesso que no Brasil
meu estômago já foi mais forte. Aqui em Moçambique, apesar das comidas serem
bem parecidas com as nossas e até bem mais naturais, tudo fresquinho, frutas,
verduras, legumes e apenas alguns industrializados disponíveis, não estou
podendo comer quase nada. Minha esposa, que me ama bastante e me conhece a
quase 15 anos logo disse pra eu não inventar de comer ratos.
Confesso que
estavam bem assadinhos, quentinhos, ao ponto e tal rs... Mas a verdade é que
não encarei dessa vez. Preferi deixar passar. Nem sempre devemos encarar ou
meter o louco e fazer, como diz minha mãe, estripulias por aí. Às vezes é
melhor deixar pra lá mesmo. Não preciso provar nada pra ninguém. Nem dizer que
pra ser missionário ou ser macho precisamos fazer isso ou aquilo.
É certo que se
estivesse mesmo em uma aldeia e alguém me oferecesse deveria comer apenas um
pouquinho e sem fazer cara feia, para não faltar com educação e desrespeito,
mas dessa vez passou, ufa! Cada um tem a sua cultura e seus costumes. Não
existem culturas melhores que as outras. Se pudéssemos fazer uma análise
antropológica e científica, poderíamos dizer que existem pontos positivos,
negativos e neutros em cada cultura. Na minha visão comer rato seria neutro,
não estou acostumado a comer rato, se o outro come não altera nada pra mim, mas
nesse caso pra eles é positivo, é bom e talvez até matem a fome deles.
Se tem uma
coisa que temos aprendido nessa caminhada é respeitar as escolhas, pensamentos
e cultura do outro. Já, por outro lado o casamento precoce, que meninas são
forçadas em muitos países da África, é algo negativo, não podemos negociar com
tais atos de crueldade. Temos lutado pra que isso diminua cada vez mais.
São cosmovisões
diferentes, pontos de vistas diferentes, necessidades e situações diferentes da
nossa. Dentro do próprio Brasil, que tem proporções gigantescas e continentais,
temos nossas diferenças de sotaque, ritmos, danças, culinária, familiar e muito
mais, imagina então em outros países.
Talvez na
próxima eu tenha que encarar, quem sabe? Vamos ver qual será a nossa próxima surpresa e aventura da
caminhada missionária.
Fiquem ligados!
Eli Costa
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