25 de dez. de 2018

Natal sem palavra(s) mas com atitudes

Ontem rolou pela 3° vez seguida, e pude participar, da Ceia de Natal na praça junto com aqueles que hoje já se tornaram nossos amigos que estão em situação de rua em Macaé. 
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Muito que tem acontecido na minha vida e que tenho deixado acontecer tem me levado a questionar que tipo de vida e que tipo de praxis e performance cristã tenho vivido/sido.

Lá pro meio da Ceia um brother meu, bem crente, veio me perguntar se o meu Pastorzão ia dar uma palavra. Eu disse que não e que a programação ia ser só aquilo (música, teatro, oração) mesmo e depois liberar a comida e ele refletiu e achou até legal. Me fez pensar também como estamos presos a certos dogmas e liturgias religiosas. Se não tiver isso ou aquilo não é igreja ou não é culto ou não é evangelismo.

Agora me veio novamente a mente a palavra palavra/linguagem e que está registrado no evangelho de João 1, que chamam de verbo, palavra em Grego Logos. Se liga: 

João 1:1-5

"Antes de tudo, havia a Palavra, a Palavra presente em Deus, Deus presente na Palavra. A Palavra era Deus, Desde o princípio à disposição de Deus. Tudo foi criado por meio dele; nada — nada mesmo — veio a existir sem ele. O que veio à existência foi a Vida, e a Vida era a Luz pela qual se devia viver. A Luz da Vida brilhou nas trevas; as trevas nada puderam fazer contra a Luz.

Ele que era antes de tudo. Natal é Jesus. Essa data, mas não exatamente essa data, não se trata de Papai Noel o "bom velhinho", trenó e renas, não se trata de amigo oculto, não se trata de jantares regados pra minha família/panela, não se trata de roupas e calçados novas e caras, não se trata de urso polar e pinguins bebendo Coca cola zero, não se trata de ser o que não sou no fim do ano o que não sou o ano inteiro, não se trata de nova maquiagem, não se trata de vermelho, branco e verde, não se trata de pinheiro enfeitado, não se trata de pisca pisca, não se trata de ir a praia, encher a cara e "curtir todas", não se trata de apresentação de cantatas de Natal em nossos templos trancados com nossos filhos solando e atuando lá na frente inflando nossos próprios egos e gostos, não se trata de shoppings lotados e torrar meu décimo terceiro todo num capitalismo desenfreado comprando coisas supérfluas que não preciso, pra agradar a quem não gosto. Isso não é Natal.  

Se trata de um camarada que era prometida e esperada a sua vinda. Nasceu, viveu, morreu por todos nós e um dia irá voltar para nos buscar pra morar em um lugar que Ele está preparando pra nós. Ele é a nossa esperança. Esperança viva em nossas vidas. Seu nome é Jesus Cristo. 

Não se trata de apenas mais uma ceia de Natal, uma vez por ano e tchau. Se trata de estar na praça todos os dias, de segunda a segunda, faça chuva ou faça sol, tomando café, dialogando, ouvindo, cantando, dançando, aprendendo, trocando, caminhando com eles na praça. Aliás, sempre os vejo e esbarro com eles nas ruas todos os dias. Mas será que por que não me importo e não faço absolutamente nada para mudar a realidade deles ou pra saber o que aconteceu para que chegassem a essa situação e o que estão sentindo e o que pensam...?

Quando me lembro de que Jesus fazia a diferença, era luz, trazia paz, mudava a história, não excluía. Poderia julgar e condenar mas trabalhava com segundas chances. Amava, perdoava, incluía, abraçava, trazia para perto. Se esse amor me alcançou, precisa alcançar outros ainda. Se tenho tenho que compartilhar com quem não tem. Se posso outros tem que poder também. Se tenho outros também tem o direito de ter.

 Se trata de uma vida e um estilo de vida inteira e completa de amor, graça e compaixão imensurável e sem controle.

Deus abençoe sempre Jorge e Elis e a todos os envolvidos nessa caminhada! Estamos juntos! Vamos nessa!

Eli Costa

4 de dez. de 2018

Pode vir alguma coisa boa de Nova Holanda?



Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê. (Jo 1: 45, 46)

Há 14 anos congrego em uma igreja de uma comunidade em Macaé chamada Nova Holanda, nós de fora chamamos de comunidade, mas eles sem nenhuma vergonha chamam de favela, mas eu continuarei falando comunidade porque essa palavra significa concordância, concerto, harmonia.

A nossa igreja tem 2 slogans: Adorando a Deus e servindo a Comunidade | Uma Igreja chamada para Incluir.

Quando chegamos lá há 14 anos atrás, não tinha uma pessoa na igreja com graduação, exceto o pastor. Não lembro quantas pessoas tinham, mas os professores das classes, ensinavam maravilhosamente bem, porém só tinham até a 5ª série, todos muito amáveis com um enorme desejo de adorar ao Senhor e fazer a diferença a partir de onde estão.

Meu pai (pastor da igreja) então começou com sua série de sermões, e o que ele mais pregava era sobre Jesus, nosso Cristo que andou com gente humilde que valorizou mulheres e crianças e que nos trouxe vida e vida em abundância. Aprendemos com ele que quando o evangelho de Jesus chega o local tem que ser transformado e a nossa vida também em todas as áreas. Meu pai também ensinava dia após dia que era possível sonhar e depois de citar Jesus vivia citando Martin Luther King (I Have a Dream...)

Aos poucos as pessoas foram mudando: “ sendo Transformado pela renovação da mente”. Começaram a estudar, a caminhar, a sonhar. Literalmente todo mundo voltou a estudar. Da Tia Li, nossa mãezona até a criança mais pequenininha, a palavra que definia ele era DETERMINAÇÃO e logo definia nossa igreja também. Literalmente quase todos os adultos voltaram a estudar, e os adolescentes que encontramos foram ensinados a avançar.

Assim que chegamos criamos um grupo de Jovens chamado JUBANOVAH e após 1 ano o primeiro tema da nossa festa foi: Ultrapassando barreiras. De fato a frase simbolizava isso que estávamos fazendo e os anos foram passando e nós fomos avançando. Mas eu estou escrevendo esse texto porque um dos nossos acabou de dar um grande passo que estamos extasiados com a vitória. E eu quero aproveitar e citar como alguns jovens desse grupo resolveram seguir aos ensinamentos de Cristo orientado pelo meu pai e avançaram e realizando seus sonhos:

1.      Daniel Lanes: Daniel não estudava quando o conhecemos, concluiu o ensino fundamental, o ensino médio, fez um curso técnico, foi aprovado em uma seleção, hoje é marinheiro, casado e cursa Teologia pela FABAMA em Macaé.

2.      Karen Vieira era apenas uma adolescente, foi selecionada para estudar no IFF Macaé. Tinha tantas dificuldades com Física e Matemática que pensou em desistir, orávamos por Karen todos os dias, ela se formou concluiu o técnico, o inglês, foi aprovada em uma seleção de emprego em uma das maiores multinacionais do ramo offshore do mundo, aprovada, foi enviada para Abu Dhabi e Dubai, depois França a serviço da empresa com apenas 21 anos.

3.      Ana Costa: Tinha 18 anos quando chegou em Nova Holanda, estudou no CIEP da Aroeira, foi aprovada para fazer o curso técnico no IFF e 2 anos depois prestou vestibular passando para 3 universidades públicas. Antes de completar os 30 anos, Nai já viajou para o Paraguai, Chile, Peru, Paris, Quênia agora está se preparando para ir a Moçambique.

4.      Lucas Caetano hoje conhecido como Lukinhas Batera, quando chegamos na igreja tinha 6 anos de idade, a mãe dele olhou pra mim e perguntou (lembro-me como se fosse hoje): “Meu amor, você conhece alguém que dá aulas de bateria, porque esse menino bate nas minhas panelas o dia todo.” Hoje Lukinhas terminou o curso Técnico de Música no conservatório, baterista profissional, prestou concurso para prefeitura de Macaé, foi aprovado, toca com um dos maiores cantores da cidade e também já voou, a última vez que soube de Lukinhas estava tocando em Dallas EUA.

5.      Viviane Lopes, essa é superação nível hard rs. Vivi era literalmente da comunidade e não queria nada de compromisso com a igreja, mas simpatizava muito com o “tal grupo da Jubanovah”. Em um desses retiros que fazíamos Viviane resolveu entregar sua vida por inteiro a Jesus, escolheu ser missionária entrou no curso de teologia, e antes de concluir, foi para o Haiti, aprendeu tão bem a língua dos Haitianos, o crioulo, que se tornou líder da equipe, voltou e foi convidada a liderar uma outra equipe que ia para Colômbia, agora de volta ao Brasil está escolhendo qual graduação fazer e qual próximo avião pegar.

6.      E agora o nosso mais novo fenômeno e orgulho: Gustavo Ferreira. Quando chegamos Guga tinha 4 aninhos, ele foi meu pajem de casamento, como eu brinco ele é nosso afilhado. Guga cresceu, mas ele literalmente cresceu rs, com quase 2 metros de altura, resolveu ir atrás de seu sonho, ser goleiro de futebol, treinou, treinou, mas parece que não era isso. Atualmente depois de postar umas fotos bonitas com seu black, sua beleza chamou atenção que essa semana está desfilando nas passarelas da SPFW (São Paulo Fashion Week), nossa oração é que Deus também leve ele para as nações.

Quando eu vi a foto de Guga, nas passarelas e hoje ao entrar em nossa humilde comunidade cultuando ao Senhor, e ouvindo a pregação do pastor, agora com barba bem branca e pregando mais uma vez sobre Sonhos. Eu lembrei de alguns desses jovens que citei, a Bíblia diz que filhos são como flechas nas mãos dos guerreiros, meu pai diz que quanto mais você dobra o arco mais longe as flechas irão. Nossas flechas se foram, algumas ainda estão indo, para bem longe. Por quê? Porque resolveram acreditar, porque não desistiram, porque estudaram, porque avançaram, ou porque simplesmente sonharam.

Todos esses citados aqui desenvolviam ou desenvolvem um papel fundamental em nossa igreja, em nossa comunidade. Poderíamos como igreja até ficar tristes, poxa perdemos nosso Daniel que ajudava em tanta coisa, perdemos Karen nossa ministra infantil e que cantava na música, nosso baterista Lukinhas, nosso tecladista e cantor Guga, nossa pastora Ana, e breve nossa missionária Vivi. Mas eu não penso assim. Olho para trás e vejo que a comunidade em Nova Holanda se tornou um celeiro de sucessos. Povo guerreiro, povo feliz.

Dizem que a igreja é a cara do seu pastor, então como ele não podia ficar de fora também voltou a estudar e aos seus 57 anos conseguiu realizar seu sonho e graduar-se em Psicologia. Essa história é para dizer que vale a pena sonhar, vale a pena acreditar, vale a pena esperar, vale a pena servir, vale a pena plantar, pois no devido tempo colheremos. A pregação de hoje foi: Deus não vê como o homem vê, Ele vê o coração. Não importa como olham ou o que acham de você, não importa de onde você ou a qual família você pertence, quando você entrega sua vida nas mãos de Deus, trabalha e descansa nEle, seus sonhos são realizados.

Quer ir para as nações? Vem primeiro servir a comunidade local, quando cuidamos das coisas de Deus Ele cuida das nossas.

Quero concluir com uma frase do Martin Luther King: “Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito. ” E Elias Hermenegildo completa: Desde que seja para frente, nunca pare de avançar.

Ana Costa