14 de abr. de 2014

Pais & Filhos


   Como não ouvir esse título e não se lembrar de um trecho da famosa letra de Renato Russo dos anos 80? Muitas vezes só cantamos as músicas, sem nem ao menos pensar e refletir sobre as mesmas. Essa música tinha e ainda tem, pois se faz atual, um peso muito grande nessa era da pós-modernidade, de acordo até com o próprio Renato, grande autor e crítico da nossa música brasileira.
    
   Vale acrescentar aqui dois trechos de entrevistas do Renato Russo, em 1990 e 1994, sobre ‘Pais e Filhos’. Os dois trechos foram retirados do livro ‘Renato Russo de A a Z – As ideias do líder da Legião Urbana’: “Pais e Filhos é especificamente sobre a nossa situação [dos componentes da Legião], pois nós três, agora, somos pais. E este disco é extremamente universal, não está tão ligado ao momento. Daqui a 20 anos, vamos poder ouvir Pais e Filhos”. (1990)
 
   “Esta música é sobre suicídio. Ela é muito, muito séria. Me desgasta quando a gente toca, e as pessoas não percebem. É sobre uma menina que tem problemas com os pais, ela se jogou da janela do quinto andar, e não existe amanhã. Eu acho bacana, é uma música bonita, mas existe um clima em torno de algumas músicas da gente que me assusta. Quer dizer, cada pessoa interpreta à sua maneira, mas isso é uma música seríssima.

   E essa é a verdade que passamos em nossas famílias hoje, num mundo pós-moderno regido pelo consumismo, essa onda de divórcios, casamentos inconsistentes etc. Os pais não estão nem aí para seus filhos, conseqüentemente os filhos não estão nem ai pra seus pais. Talvez os pais estejam ocupados demais com os afazeres do dia a dia. Poucos são os pais que não trabalham hoje em dia. Na maioria das vezes estão no trabalho, academia, reunião, clube, happy hour etc. E onde estão os filhos nessa hora? Entregue aos parentes, na melhor das hipóteses, quando não, com babás (pra quem tem condições) na televisão, internet, rua, “amigos”. Estão na mão de alguém, menos na mão de quem deveriam estar, dos pais.

   Como na canção dos anos 80, as notícias não são boas: filhos rebeldes sem causa, nas drogas, no tráfico, não respeitam ninguém, não querem estudar, sem rumo na vida, cada vez mais infelizes, distantes da realidade, sem amor e o resultado de tudo isso, como na canção, muitas vezes o suicídio. “Uma menina que se jogou do quinto andar.”

   Não quero culpar nossos pais por tudo, é claro, mas parece que os pais estão burros ou menos inteligentes. Agora é o filho que tem que dar lição de moral nos pais, é o filho que tem que dizer o que os pais devem fazer? Claro que não. Pai é pai e filho é filho. Mas acaba que nós somos retrato daqueles que nos criaram, no caso, nossos pais. Da forma que nos criaram, no ensino e base que nós tivemos. E se não tivermos ensino e base nenhuma vai ficar difícil exigir alguma coisa desses mesmos filhos.

   Há um provérbio que diz: “ENSINA O MENINO NO CAMINHO EM QUE DEVE ANDAR, E MESMO QUANDO ENVELHECER NÃO SE AFASTARÁ DELE.” Define-se aqui bem o papel dos pais: Ensinar o caminho. Deixo aqui apenas um alerta aos pais e filhos: Pais onde estão seus filhos? Filhos onde estão seus pais?

Eli

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