26 de dez. de 2017

Um Natal pra lá de estranho|diferente

Todo ano costuma-se fazer a mesma coisa, do mesmo jeito, na mesma hora, com as mesmas pessoas ou nos mesmos lugares de sempre. Mas esse nosso Natal foi diferente, devo confessar.

Não, meu Natal não foi em um templo religioso assistindo aquela cantata. Não condeno, já participei de muitas, até atacava de solista, não sei onde aquele pessoal estava com a cabeça rs. Não, meu Natal não foi nos EUA, na neve, no frio, com as renas, com o trenó, com o bom velhinho que só vem pra algumas crianças, em Manhattan, Nova York, Canadá e nem lá no exterior, como estou vendo geral daqui partindo, também não sei como, me expliquem por favor que matemática é essa. Também não os condeno, já passamos alguns natais por lá e realmente é legalzinho, tranquilo.

Ano passado tinha ouvido falar desse Natal na praça Veríssimo de Melo aqui em Macaé, mas não dei muita ideia. Agora esse ano começamos a nos envolver mais com um café da manhã para os moradores em situação de rua, que acontece todos os dias às 7h30 nessa mesma praça com Jorge e Elis. Desse café soubemos de uma ceia que aconteceria na noite de Natal. Logo pensei comigo: não posso ficar de fora dessa. Tudo isso funciona apenas com doações de amigos e algumas igrejas.

Analisando a vida de Jesus pelos relatos dos evangelhos e pela minha própria leitura nesses últimos anos, vê-se um camarada que só vivia na rua andando e se relacionando com gente que "não prestava", os tais rejeitados e excluídos da sociedade (que no caso somos nós que excluímos e rejeitamos): leprosos, doentes, cegos, surdos, deficientes, ladrões, cobradores, pescadores, prostitutas, marginais, bêbados, viciados etc. Só gente boa mesmo. E a esses ele levava o amor, a cura, o alimento, sonhos, um novo olhar, visão, novas oportunidades e chances, perdão, reconciliação, graça etc. Poucas vezes ele estava nas sinagogas e sentado. Ele gostava seu tempo na rua e com gente. Ele se preocupava com gente, com pessoas, com vidas.

Comecei a chamar o povo pra essa ceia e pedir algumas doações também. Convidei primeiro os religiosos (pensei que ia dar certo) e logo torceram a cara e não gostaram da ideia: - Como assim? Ceia na praça? Com quem? "Moradores de rua?" Ninguém merece. Eu, vou nada.

Me pergunto então que evangelho é esse que vivemos. Se nosso olhar e nem nossas ações não são de amor muito menos de misericórdia pelo nosso próximo que passamos todos os dias na rua e nada, apenas aperto o passo, viro a cara, fecho a janela e continuo o meu caminho, tenho mais o que fazer do que perder tempo com "esses caras"... Boto a culpa no governo, nos políticos, nas instituições etc e não faço nada pra mudar essa realidade cruel em que vivemos, é mais fácil transferir a culpa pro outro sempre.

Esse ano falamos pra nós mesmos, saia da "zona de conforto", nome bonito para preguiça e vamos partir em direção a essa galera que tanto precisa de ajuda em todos os sentidos da palavra.

Creio que na vida recebemos oportunidades de fazer e tomar algumas atitudes. Atitudes essa que vão mudar a nossa vida pra sempre. Nunca mais seremos os mesmos. Ao ver cada olho brilhando, cada sorriso, cada rosto feliz. Pela comida, pelo abraço, pelo carinho que em algum momentos seus familiares não deram. A maioria dos casos desses que vivem na rua é por problemas e desentendimentos entre os próprios familiares. Com isso saem de casa e vão "morar" na rua. E na rua a droga é muito fácil, o caminho da destruição do ser humano é o que sempre acontece. Querem nos transformar no pior que podemos ser. Querem nos matar aos poucos e nos mandar direto pro inferno.

O que fazemos no café e fizemos na ceia é apenas parar e conversar com eles. Tentar ouvir e entender cada situação e encontar uma saída e uma solução para cada um.

É evidente que não vamos resolver todos os problemas do mundo mas estamos fazendo a nossa parte. E já podemos ver dezenas de pessoas que já abandonam a rua e hoje já saíram das drogas, largaram a bebida, tem sua kitnet e seu próprio trabalho, isso é abençoador e gratificante. Imagina agora se cada um fizesse a sua parte...

''Enquanto alguns insistem em fazer o mal, nós vamos fazendo o bem!''

É Deus na direção!

Ano que vem tem mais, vem com a gente?

Eli

3 comentários:

  1. Foi muito bom tivemos a graça de participar é importante pontuar que como diz o texto não foi uma higiene de consciência é um trabalho todos os dias o ano todo.Fomos mais abençoados que eles mesmo. Por que Jesus Cristo ensina ensina que é melhor doar que receber... Vamos prosseguir.

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  2. É simplesmente o Natal que Jesus contempla

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  3. Maravilhoso ! É esse o evangelho que Jesus pregava ! Como precisamos modificar nosso viver , dar importância ao que é importante para Jesus: vidas !

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