Há 14 anos congrego em
uma igreja de uma comunidade em Macaé chamada Nova Holanda, nós de fora
chamamos de comunidade, mas eles sem nenhuma vergonha chamam de favela, mas eu
continuarei falando comunidade porque essa palavra significa concordância, concerto, harmonia.
A nossa igreja tem 2 slogans: Adorando a Deus e servindo a Comunidade |
Uma Igreja chamada para Incluir.
Quando chegamos lá há 14 anos atrás, não tinha uma pessoa na igreja com
graduação, exceto o pastor. Não lembro quantas pessoas tinham, mas os
professores das classes, ensinavam maravilhosamente bem, porém só tinham até a
5ª série, todos muito amáveis com um enorme desejo de adorar ao Senhor e fazer
a diferença a partir de onde estão.
Meu pai (pastor da igreja) então
começou com sua série de sermões, e o que ele mais pregava era sobre Jesus,
nosso Cristo que andou com gente humilde que valorizou mulheres e crianças e
que nos trouxe vida e vida em abundância. Aprendemos com ele que quando o
evangelho de Jesus chega o local tem que ser transformado e a nossa vida também
em todas as áreas. Meu pai também ensinava dia após dia que era possível sonhar
e depois de citar Jesus vivia citando Martin Luther King (I Have a Dream...)
Aos poucos as pessoas foram mudando: “ sendo Transformado pela renovação
da mente”. Começaram a estudar, a caminhar, a sonhar. Literalmente todo mundo voltou
a estudar. Da Tia Li, nossa mãezona até a criança mais pequenininha, a palavra
que definia ele era DETERMINAÇÃO e logo definia nossa igreja também.
Literalmente quase todos os adultos voltaram a estudar, e os adolescentes que
encontramos foram ensinados a avançar.
Assim que chegamos criamos um grupo de Jovens chamado JUBANOVAH e após 1
ano o primeiro tema da nossa festa foi: Ultrapassando barreiras. De fato a
frase simbolizava isso que estávamos fazendo e os anos foram passando e nós
fomos avançando. Mas eu estou escrevendo esse texto porque um dos nossos acabou
de dar um grande passo que estamos extasiados com a vitória. E eu quero aproveitar
e citar como alguns jovens desse grupo resolveram seguir aos ensinamentos de
Cristo orientado pelo meu pai e avançaram e realizando seus sonhos:
1. Daniel Lanes: Daniel não estudava quando o
conhecemos, concluiu o ensino fundamental, o ensino médio, fez um curso
técnico, foi aprovado em uma seleção, hoje é marinheiro, casado e cursa
Teologia pela FABAMA em Macaé.
2. Karen Vieira era apenas uma adolescente, foi
selecionada para estudar no IFF Macaé. Tinha tantas dificuldades com Física e Matemática
que pensou em desistir, orávamos por Karen todos os dias, ela se formou concluiu
o técnico, o inglês, foi aprovada em uma seleção de emprego em uma das maiores
multinacionais do ramo offshore do mundo, aprovada, foi enviada para Abu Dhabi
e Dubai, depois França a serviço da empresa com apenas 21 anos.
3. Ana Costa: Tinha 18 anos quando chegou em Nova
Holanda, estudou no CIEP da Aroeira, foi aprovada para fazer o curso técnico no
IFF e 2 anos depois prestou vestibular passando para 3 universidades públicas.
Antes de completar os 30 anos, Nai já viajou para o Paraguai, Chile, Peru,
Paris, Quênia agora está se preparando para ir a Moçambique.
4. Lucas Caetano hoje conhecido como Lukinhas
Batera, quando chegamos na igreja tinha 6 anos de idade, a mãe dele olhou pra
mim e perguntou (lembro-me como se fosse hoje): “Meu amor, você conhece alguém
que dá aulas de bateria, porque esse menino bate nas minhas panelas o dia
todo.” Hoje Lukinhas terminou o curso Técnico de Música no conservatório,
baterista profissional, prestou concurso para prefeitura de Macaé, foi
aprovado, toca com um dos maiores cantores da cidade e também já voou, a última
vez que soube de Lukinhas estava tocando em Dallas EUA.
5. Viviane Lopes, essa é superação nível hard rs.
Vivi era literalmente da comunidade e não queria nada de compromisso com a
igreja, mas simpatizava muito com o “tal grupo da Jubanovah”. Em um desses
retiros que fazíamos Viviane resolveu entregar sua vida por inteiro a Jesus,
escolheu ser missionária entrou no curso de teologia, e antes de concluir, foi
para o Haiti, aprendeu tão bem a língua dos Haitianos, o crioulo, que se tornou
líder da equipe, voltou e foi convidada a liderar uma outra equipe que ia para
Colômbia, agora de volta ao Brasil está escolhendo qual graduação fazer e qual
próximo avião pegar.
6. E agora o nosso mais novo fenômeno e orgulho:
Gustavo Ferreira. Quando chegamos Guga tinha 4 aninhos, ele foi meu pajem de
casamento, como eu brinco ele é nosso afilhado. Guga cresceu, mas ele literalmente
cresceu rs, com quase 2 metros de altura, resolveu ir atrás de seu sonho, ser
goleiro de futebol, treinou, treinou, mas parece que não era isso. Atualmente
depois de postar umas fotos bonitas com seu black, sua beleza chamou atenção
que essa semana está desfilando nas passarelas da SPFW (São Paulo Fashion Week),
nossa oração é que Deus também leve ele para as nações.
Quando eu vi a foto de Guga, nas passarelas e hoje ao entrar em nossa humilde comunidade cultuando ao Senhor, e ouvindo a pregação do pastor, agora com barba bem branca e pregando mais uma vez sobre Sonhos. Eu lembrei de alguns desses jovens que citei, a Bíblia diz que filhos são como flechas nas mãos dos guerreiros, meu pai diz que quanto mais você dobra o arco mais longe as flechas irão. Nossas flechas se foram, algumas ainda estão indo, para bem longe. Por quê? Porque resolveram acreditar, porque não desistiram, porque estudaram, porque avançaram, ou porque simplesmente sonharam.
Todos esses citados aqui desenvolviam ou
desenvolvem um papel fundamental em nossa igreja, em nossa comunidade.
Poderíamos como igreja até ficar tristes, poxa perdemos nosso Daniel que
ajudava em tanta coisa, perdemos Karen nossa ministra infantil e que cantava na
música, nosso baterista Lukinhas, nosso tecladista e cantor Guga, nossa pastora
Ana, e breve nossa missionária Vivi. Mas eu não penso assim. Olho para trás e
vejo que a comunidade em Nova Holanda se tornou um celeiro de sucessos. Povo
guerreiro, povo feliz.
Dizem que a igreja é a cara do seu pastor,
então como ele não podia ficar de fora também voltou a estudar e aos seus 57
anos conseguiu realizar seu sonho e graduar-se em Psicologia. Essa história é para
dizer que vale a pena sonhar, vale a pena acreditar, vale a pena esperar, vale
a pena servir, vale a pena plantar, pois no devido tempo colheremos. A pregação de hoje foi:
Deus não vê como o homem vê, Ele vê o coração. Não importa como olham ou o que
acham de você, não importa de onde você ou a qual família você pertence, quando
você entrega sua vida nas mãos de Deus, trabalha e descansa nEle, seus sonhos
são realizados.
Quer ir para as nações?
Vem primeiro servir a comunidade local, quando cuidamos das coisas de Deus Ele
cuida das nossas.
Quero
concluir com uma frase do Martin Luther King: “Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito. ” E Elias Hermenegildo completa: Desde que seja para frente, nunca pare de avançar.
Ana Costa
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