Durante
muitos anos eu acreditei que meu cabelo era duro, hoje por causa da consciência
negra eu sei que é Duro.
Duro
é seu preconceito e racismo mascarado em tom de brincadeira.
Duro
é ser confundido com a camareira do hotel, a garçonete do restaurante, faxineira
do hospital etc. Nada contra essas profissões, mas me pergunto: Por que nunca
me confundiram com uma empresária, médica ou doutora?
Duro
é ter que explicar que todos os dias que sou negra e não mulata, morena jambo
ou sei lá que cor querem inventar.
Duro
é ter que ouvir que eu sou linda porque tenho os traços de branco e que se me
cabelo fosse melhor seria mais linda ainda.
Duro
é todo o dia 20 de novembro ter que ouvir que não deveríamos ter um dia da
consciência negra mas sim humana, você deveria falar isso há alguns anos atrás,
quando os “humanos” mataram Zumbi dos Palmares justamente porque ele defendia
que nós negros éramos humanos, ah claro você não sabe quem foi Zumbi, né? Pois
é, nós não temos consciência da nossa própria história.
Duro
é saber que o Martin Luther King Jr. morreu com uma bala na cabeça porque disse
que nós não deveríamos ser tratados diferente por conta da quantidade de
melanina na pele.
Duro
é saber que choramos pelo massacre dos judeus, mas somos insensíveis ao
massacre dos negros que durou mais ou menos 386 anos e fomos o último país a
declarara a “abolição”. Duro é saber que isso não nos choca.
Duro
é ter que explicar que deveríamos lutar todos juntos contra as desigualdades sociais,
contra o racismo, contra o xenofobismo, contra o feminicídio, homofobia,
homicídio, ao invés de lutarmos um contra o outro.
Duro
é saber que no Brasil sete em cada dez pessoas assassinadas são negras e ainda
ouvir que isso é mimimi.
Duro
é saber que o Brasil é o segundo país com a maior população negra no mundo
ficando atrás somente da Nigéria e mesmo assim não somos representados em
muitos locais.
Duro
é saber que nós cristãos não falamos sobre isso na igreja porque achamos que
não existe tal coisa, perpetuando assim o pecado que é a discriminação que
acontece diariamente em nossos templos religiosos.
Duro é não abrirmos a mente para essa realidade, e não
reconhecer, pois quando eu não reconheço que não estou bem, que sou racista e
preconceituoso não tenho como me tratar. É por isso que precisamos falar de um
dia, um mês da Consciência negra sim, para chegarmos a uma vida inteira e
termos a consciência que somos todos IGUAIS.
A caminhada é longa. A luta continua!
“... Reconheço por verdade que Deus não faz acepção
de pessoas; - Atos 10:34
Ana Costa
Ana Costa
É duro, muito duro, é deprimente é um atestado de ignorância, um povo que negar a sua própria história.
ResponderExcluir