1 de mai. de 2019

Mais do que ajudante... ele é o PAI

Desde quando descobrimos que estávamos grávidos, começamos a participar de uma série de oficinas, palestras e rodas de conversas para nos prepararmos para o grande momento, vivenciar em sua plenitude a maternidade e a paternidade. Logo no inicio então, nós percebemos que ser PAI era para além de ajudar, na verdade essa palavra nem deveria ser mencionada, então o que era ser Pai? Não era ajudar a mãe? Não. Aprendemos que ser Pai era ser Pai e pronto, e que por isso ele não só poderia mas deveria desenvolver e aprender todas as funções que eu como mãe, também de primeira viajem aprenderia, que a única diferença é que ele, o pai, não amamentaria, porém até nesses momentos deveria estar ao lado da mãe. Ajudando? Não. Cumprindo seu papel de Pai.
 
Dessa forma nosso filho nasceu e com isso nasceu a mãe e o pai. Pra ele sempre foi natural cumprir o papel dele de pai, ás vezes é claro, tínhamos que ter uma conversinha ali e aculá para estreitarmos os laços e ajeitarmos as arestas. Não existe casamento nem educação de filhos sem diálogo.

Mas nessa trajetória, percebemos que para a sociedade o homem cumprir o papel de pai não era tão natural assim. Lembro de uma vez que fui palestrar e Eli estava na plateia com o Israel, eu já tinha dado de mamar e quando comecei a falar Eli saiu para limpar a fraldinha dele com cocô. Grande não foi a surpresa quando ele percebeu que o fraldário era no banheiro feminino e quando ele olhou para trás tinha duas senhoras, que começaram a pedir a ele para ajudar a trocar o bebê, visto que ele era o homem e não sabia trocar. Israel tinha apenas uns 3 meses, depois de muita insistência de Eli tentando provar a elas que ele sabia trocar as fraldas do filho dele, elas pegaram o trocador e deixaram ele trocar.

Bem depois disso percebemos que a paternidade ainda tinha muito que ser construída ou desconstruída e que muitas vezes para ela nascer, era preciso que as mães permitissem isso também. A caminhada continua e no decorrer dessa construção, os papéis se inverteram. Eli trabalhava meio expediente e eu fui chamada para um novo concurso que deveria trabalhar o dia todo, isso permitiu que Eli vivenciasse e fizesse coisas de pai, porém que nossa sociedade insiste em dizer que é “ajuda”, aliás quem disse que os papéis se inverteram mesmo?

Pois bem, e o desfralde? Foi com o papai. O processo de deixar a chupeta? Foi papai A responsabilidade com o almoço? E a rotina a ser cumprida? O Papai e no momento do desmame noturno, quem ficava com o bebê também? O papai.

A última vez que levamos ele ao pediatra, sim porque sempre vamos juntos na medida do possível, Israel se assustou, pois tinha residentes na sala. E todos ficaram impressionados que o único que conseguiu acalmá-lo e fazer com que ele retornasse à sala e deixasse a pediatra o examinar foi o: PAI

Obs. Se tivesse o mamar ele perderia... rs

Mas eles têm um vínculo tão forte que é lindo, ele sabe que pode confiar no Pai que tem. Aliás sabe como ele chama meu esposo? Papai amor. Lindo, né?

Para concluir, esse último feriado nosso pequeno acordou vomitando, e não parava, vomitou todo o quarto e depois eu peguei ele e levei para o banheiro... ele vomitou mais um pouco, eu dei banho nele e quando enrolei ele na toalha e sair do banheiro, o quarto já estava todo limpo do vômito. Uau, que nível chegamos, eu não precisei olhar, reclamar, pedir ou chamar, naquele momento Eli sabia perfeitamente o que deveria fazer. Como eu fiquei feliz em saber que nós finalmente entendemos que cuidar e educar um filho é um dever dos dois, é uma obrigação dos dois é o papel dos dois. Então, hoje escrevo esse texto, em agradecimento, ao meu esposo não por me ajudar, mas por cumprir o papel dele de Pai

Você já agradeceu a uma mãe, por ela amamentar o filho? Ou por ela dar banho e trocar fraldas dele? Então, porque quando o Pai faz isso a gente se espanta? E enaltece? É porque infelizmente isso ainda não é regra, e meu esposo é a exceção. É claro que existe gratidão em tudo que foi dito, mas repito, não por ele estar me ajudando, mas sim por que ele é o Pai do filho dele. Minha oração e meu maior desejo é que como mães, pais e sociedade civil em geral finalmente entendamos que PAI , não é ajudante de mãe. PAI É PAI.


Pai, seja Pai do seu filho de verdade.
Mãe deixe seu companheiro ser o Pai de verdade, deixe ele errar, ficar com medo, inseguro, ele aprenderá a ser pai. Nós aprendemos a ser mãe, eles conseguirão. Sociedade, entenda que Ser Pai é um compromisso pra vida inteira e não uma mera ajuda. 
...
Obs. Paternidade se constrói e não é tal fácil quanto parece, mas com persistência e paciência chegaremos lá. Nós ainda não chegamos, estamos no caminho.

Ana Costa (Nai)

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