Black Mirror da vida real

Uma heroína, é esse nome que podemos dar a vendedora Leilane Rafael da Silva. Incrível sua atitude de imediato. Em meio ao acidente de Boechat em um caminhão, ela tomou a decisão e foi ajudar a retirar quem estava lá em meio a dor e sofrimento. Virou até desenho de HQ pelo Ângelo France.

Mas o detalhe que me chamou a atenção foi os camaradas filmando e tirando foto da cena. Como assim? Ao invés de ajudarem também ou fazer alguma coisa pra salvar a vida dos envolvidos no acidente estavam apenas parados, letárgicos, olhando. 

Isso me lembrou de um episódio de Black Mirror - White Bear "Urso Branco" (quem ainda não viu veja, Black Mirror é correria total), em que uma mulher acorda em uma casa e não sabe quem ela é e onde está. Quando ela sai pela rua (não vou contar tudo pra não dar spoiler) uns caras de 12 tentam matá-la, aí ela fica totalmente desesperada e sai correndo. Daqui a pouco aparece um povo com celular na na filmando e tirando foto pra postar na rede social. Ela pedindo ajuda e ninguém ajudava. Ela continua fugindo e correndo dos assassinos e finalmente aparece alguém pra ajudá-la.

Isso tudo me faz pensar na seguinte questão, viramos meros espectadores ou participantes na vida? Estamos vendo a coisa acontecer ou fazendo acontecer? Em época de rede social não vivemos mais nossas vidas sossegadas. Sempre estamos vendo e querendo saber o que o outro está fazendo. Ou sempre temos que filmar e tirar foto do que estamos fazendo, tal da vida on-line. Já diziam que a tecnologia é um caminho sem volta.

Que possamos ter mais de Leilane em nós. Audácia, coragem, força, intuição, poder de decisão, amor por vidas, arrisque-se. Saindo um pouco do mundo virtual e vivendo a vida real. Salvando e ajudando quem realmente precisa. Importando-se com aquele que está do meu lado, não interessa quem ele seja. Afinal de contas a vida tá passando e não podemos ficar pra trás. 

Chega de ser coadjuvante. Sigamos em frente. Mude. Avançado mode on!

Então, levanta e anda!

Eli Costa