“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar. ” Nelson Mandela
Olá amigo e amiga, se você está recebendo essa cartinha é por conta de 3 fatores:
1. Você é muito nosso amigo e uma pessoa que amamos
2. Você é mãe, pai ou responsável
3. Você é branco ou não negro
Vem cá pra gente conversar,
nos últimos dias todos nós assistimos estarrecidos a brutalidade de policias
com pessoas negras. Primeiro foi o João Pedro, um adolescente de 14 anos que
foi morto pela polícia enquanto estava brincando em sua casa no Rio de Janeiro.
Depois o George Floyd, um homem inocente que foi asfixiado pela polícia,
enquanto isso ainda pedia socorro. E para piorar e “fechar a semana” a gente
viu um menininho lindo de 5 anos, deixando sozinho em um elevador, a procura de
sua mãe, ele acabou caindo do prédio de 11 andares, por negligência da patroa
da sua mãe que deveria estar cuidando dele. Adivinha a cor do menino?
Exatamente. Preto.
O que esses fatos têm a
ver com vocês, com seus filhos e com a forma que você cria eles? Tudo a ver. Já
sabemos que o racismo no Brasil não é algo pessoal, ou individual, é algo
estrutural e institucionalizado e permeia todas as áreas da nossa vida. Para
piorar, o racismo no Brasil é negado dia após dia. E o que acontece com uma
doença que a gente nega, fingindo não existir? Isso mesmo. Ela nunca é curada.
Assim como o racismo brasileiro. Dentro desse contexto, eu quero com muito amor
e carinho, sim, amor e carinho falar sobre o racismo. Porque sempre que falamos
desse assunto pensam que estamos com raiva e queremos vingança, mas essa é
outra pauta. Eu quero deixar algumas orientações com vocês para tratar desse
assunto com seu filho de forma que ele cresça entendendo o que é racismo, que
ele existe e que devemos erradica-lo de nossas vidas. E por quê precisamos
falar sobre esse assunto “chato e ruim” com nossas crianças? Porque faz parte
da educação, assim como falamos de abusos e outros assuntos penosos.
De 0 a 1 ano: No
nascimento, os bebês olham igualmente para os rostos de todas as raças e etnias.
Aos 3 meses, por exemplo, os bebês olham mais para os rostos que correspondem à
raça e etnia de seus cuidadores.
De 2 a 5 anos: A maioria
das crianças usam a sua própria aparência para escolher colegas de brincadeira.
De 4 a 5 anos: Expressões
de preconceito racial costumam atingir as crianças aos 4 a 5 anos.
5 anos: No Jardim de
infância, as crianças mostram muitas das mesmas atitudes raciais mantidas por
adultos em nossa cultura. Eles já aprenderam a associar alguns grupos mais
altos do que outros.
E é esse tópico que quero
abordar com vocês. Com 5 anos, crianças já conseguem fazer uma análise do meio
em que vive. Então se seu filho é branco ou preto de pele clara, e ele só
convive com crianças brancas, e a empregada de casa é negra, se na escola dele
só tem crianças brancas, professores brancos, diretores brancos e os faxineiros
são negros, se os programas que ele assiste, os livros, e a bíblia infantil, os
personagens principais, príncipes, princesas, anjos e reis são sempre brancos,
e o “mal”, o diabo, o monstro o pecado é preto. O que essa criança vai
aprender? O que ela vai entender? Ela vai associar, o que muitos de nós já associamos,
que tudo o que é negro ou preto, é ruim, é mal e só serve para me servir, para
estar “abaixo de mim”.
Nunca esqueci um dia que
eu estava em uma festinha de criança do meu primo, que é branco, estuda em
escola particular e logo todas as crianças, TODAS as crianças da festa eram
brancas. Eu estava sentada com uma amiga, que também é negra, conversando. Em
um dado momento, uma criança que deveria ter seus 6 aninhos atravessou a sala,
passou por todas as pessoas brancas e parou ao lada da minha amiga e pediu: Tia,
você é a babá de fulano? Pega água pra mim? Uau... como ela, com apenas 6
aninhos, achou que minha amiga, que também tinha sido convidada da festa estava
ali para servir? Por que ela não pediu ou perguntou se outra pessoa branca era
babá? Vocês estão percebendo? Como nossos filhos vão crescendo em meio aos
preconceitos raciais?
-Tá bom Nai, já entendi.
Como eu faço então para minimizar esses impactos se eu sou branca e minha
família é toda branca? Vamos lá:
1.
Seus filhos precisam ter relações com
negros, que não sejam de subalternidade
Quando
a criança só tem acesso a relações com negros onde ela, hierarquicamente se
assim podemos dizer, tem superioridade, o laço, por mais genuíno que possa ser,
é construído com base em uma posição de superioridade. Quando esse
relacionamento é feito em um cenário que ambas estão na mesma posição
hierárquica a ideia de superioridade tende a se desfazer.
2.
Contar a verdadeira história da escravidão
Uma das formas mais eficazes de submissão é
negar a história de luta do povo oprimido. E é isso que os currículos escolares
fazem quando o assunto é a história da escravização negra. Vários
abolicionistas negros como Luiz gama e Maria Firmina, se quer são mencionados
nas escolas. Revoltas como dos Malês são maquiadas para tirar o protagonismo
negro, a importância dos quilombos, as heroínas negras e etc.
3.
Consumir conteúdo negro
Quando for assistir um desenho ou dar um livro
infantil dê preferência aos que tenham negros como protagonistas. Todos os
meios de massa e todos os produtos da indústria cultural tem um impacto
gigantesco no imaginário infantil. Ele pode criar ou reforçar imagens e preferências.
A cultura da mídia fornece modelos daquilo que significa ser homem ou mulher
bem sucedido, poderoso ou impotente, também fornece o material com que muitas
pessoas constroem seu senso de classe, de etnia e raça.
Esses
três tópicos são somente algumas dicas entre várias outras que você pode
incluir na educação do seu filho para que ele não cresça racista. Esses dias,
meu filho falou que queria ter o cabelo igual do amiguinho dele que é liso. Eu
tive que inventar uma história, que ficou tão legal que quero publicar, para
ensinar a ele como Deus foi criativo e deu uma cor, um cabelo e um corpo
diferente para cada criança. Agora ele está feliz da vida com a cor dele e o
cabelo que tem, pois ele entendeu que a diversidade é uma riqueza. Talvez amigos,
você precisará usar a criatividade para que seu filho entenda que ninguém é
inferior a ninguém. Que não existe mais bonito e mais feio, que não há cabelo
bom ou ruim e que cada um de nós temos nossas qualidades e pontos que
precisamos melhorar.
E
por fim o principal, a mudança precisará começar em você. Olhe para dentro de
si mesmo e observe se você “inconscientemente” está reproduzindo falas
racistas, está tendo comportamentos que expressam o racismo. Sim, sei que é
incômodo, mas ainda precisamos aceitar e mudar. Se não fizermos isso,
continuaremos com esse mundo perverso e mal que temos e não é o que queremos.
A
maioria dessas dicas foram tiradas do instagram @criandocriancaspretas da
@deh_bastos que já tem mais de 73 mil seguidores e conta inclusive com o apoio
de artistas brancos que tem crianças negras e conheceram de perto o racismo,
que até então eles achavam que não existia como Samara Felippo, Giovanna Ewbank e
Bruno Gagliasso e artistas também negros que ajudam na educação antirracista
como Lázaro Ramos e Taís Araújo.
Outros
livros que podem ajudar sua busca por uma educação melhor:
1. Pequeno manual antirracista por
Djamila Ribeiro Filosofa, esse livro pequeno e simples já está sendo um dos
mais vendidos do Brasil.
2. Sulwe de
Lupita Nyong’o
3. Mandela: O africano de todas as cores,
por Alain Serres
4. Amoras,
de Emicida
5. Flávia e o bolo de chocolate,
de Miriam Leitão
6. Tudo bem ser diferente
de Todd Parr
Que Deus nos dê sabedoria nessa caminhada, que possamos deixar filhos melhores
para esse mundo e que a Justiça, paz e amor reine em nossas famílias e em nossa
sociedade.
Obrigada
pela atenção, e aguardo seu retorno para conversarmos mais sobre.
Grande beijo, por Nai @naivnm
#BlogVidaNaMissão
Maravilhoso Nai! E muito importante abordar esse assunto com os pequenos já passou da hora de darmos um basta no racismo de Uma vez por todas
ResponderExcluirJá passou da hora mesmo! Vamos nessa! Obrigado! Compartilhe para que outros possam receber essa mensagem também!
ExcluirÉ sempre bom esclarecer, mostrar, explicar por que a conscientização não é instantânea é um processo de amadurecimento. Prossigamos.
ResponderExcluirVamos nessa pai! Compartilhe para que outros possam receber essa mensagem também! Obrigado!
ExcluirParabéns Nai pelo excelente material produzido nitidamente com muito amor. Agradecedemos de coração.
ResponderExcluirObrigado também querido Neto! Compartilhe para que outros possam receber essa mensagem também!
ExcluirMuito bom o texto ficou bem claro que o dialogo com nossas crianças é mais do que importante.
ResponderExcluirVamos nessa juntos meu querido irmão! Deus nos guie!
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