Eu sabia que
Mauriac entendia de desejo da carne. Viper’s tangle [A teia da víbora] e A
kiss for the leper [Um beijo no leproso], romances que o ajudaram a ganhar
o prêmio Nobel de literatura, descrevem o desejo da carne, a repressão e a
angústia sexual tão bem como nada mais que tenha lido. Para Mauriac, a tentação
sexual era um campo de batalha conhecido.
Mauriac descartou
a maior parte dos argumentos a favor da pureza sexual que aprendeu em sua
educação católica. “O casamento vai curar o desejo da carne”: não no caso de
Mauriac, como para muitos outros, porque o desejo da carne implica a atração de
criaturas desconhecidas e o gosto da aventura e dos encontros fortuitos. “Com a
autodisciplina, consegue-se dominar o desejo da carne”: Mauriac descobriu que o
desejo sexual é como uma maré enchente bastante poderosa para acabar com todas
as melhores intenções. “A verdadeira satisfação só pode ser encontrada na
monogamia”: isso pode ser verdade, mas certamente não parece verdade
para alguém que não encontra alívio da absoluta necessidade sexual mesmo na
monogamia. Assim, ele avaliou os argumentos tradicionais a favor da pureza e
descobriu que são incompletos.
Mauriac concluiu
que a autodisciplina, a repressão e os argumentos racionais são armas
inadequadas para lutar contra o impulso da impureza. No fim, ele encontraria
apenas um motivo para ser puro, e é o que Jesus apresentou nas
bem-aventuranças: “Felizes são os puros de coração, pois eles verão a Deus”.
Nas palavras de Mauriac: “A impureza nos separa de Deus. A vida espiritual
obedece a leis tão verificáveis quanto as do mundo físico [...] A pureza é a
condição para um amor mais elevado — para a posse acima de todas as outras posses:
a de Deus. Sim, isso é o que está em jogo, e nada menos”.
Ler as palavras de
François Mauriac não acabou com minha luta contra o desejo da carne. Mas posso
dizer sem sombra de dúvida que achei sua análise verdadeira. O amor que Deus
nos estende exige que nossas faculdades sejam limpas e purificadas antes de
podermos receber um amor mais elevado, um amor que não pode ser obtido de
nenhum outro meio. Esse é o motivo para permanecermos puros. Abrigando o desejo da carne, limito minha própria intimidade com Deus.
Os puros de
coração são verdadeiramente bem-aventurados, pois verão a Deus. É assim
simples, e difícil.
Philip Yancey
Parabéns pelo texto, muito bom!!! Simples assim, sem rodeios ou deaculpas. Vai ajudar a esclarecer muita gente!!!
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